quarta-feira

um tanto sádico

lagartas robustas se embrenhariam no emaranhado
dos pêlos pubianos, na penugem da nuca
deixando entrever a pele, empolada

[ primeiro, o laranja que se vê sobre o metal
se é tanta a ferrugem e faz-se a forma
de um mapa talvez de um globo possível ]

espasmos próprios de crise epilética
então, um grito
cortaria
o ar

[ talvez brincar de colher teu grito
pôr dentro dum vidrinho lacrado – aqui, o grito
como o ar de paris certa vez aprisionado
ou as vontades que moravam nos ventres ]

porque vermelhas, as lagartas
tomariam sua nova cor por elogio
contentes se esfalfariam mais e contundentes
pensando talvez instilar mudanças outras
bem-sucedendo em quase susto
obteriam toda uma escala de colorações
somente captáveis por olhares acurados

[ os mínimos deslumbres infantíciosos
de que são capazes os tolos, possível unicíssimo triunfo
sobre os Homens de Ciência e Densidade ]

rósea no entorno, qual mucosa
alaranjado ardente aurifamante
vermelho-china vivaz, encarniçado
rubi sanguíneo abrasador, arredio
magenta amuado degradê pra vinho
pink aberratório, anti-natural
ruivacento pontilhado

[ cosmos aflitivo ]

Um comentário:

  1. que bom que gostou, acho que de alguma forma obtusa tudo tangencia sexualidade mas isso é um papo pra psicanálise, nem tudo que escrevo tem como componente sexo(ou assim espero) é possível que apareça quando não é chamado(rs). isso de "poesia que desvela a que veio" é mesmo muito gentil, sempre boa a mutualidade, até!

    ResponderExcluir

Diz aí...