sexta-feira

esses dias e duma tacada.

prece

Esse coágulo
Novo coágulo atado em mim

Novamente desatado laço
Meu bebê à bordo
Meu aborto

Meu morto

Lastro do laço desfeito e torto
Talvez gerado sobre a areia esfriada
Pela lua e pelo céu e pelo sêmen
Numa ilha e num hotel e numa rua escura

Esse coágulo
Novo coágulo retido
Nesse ventre que insiste em ser instinto

Arde ainda que a razão lhe tenha dito

Audito, até a persiana
onde deleitavam horas tortas
de imiscuir-se num possível drama
se o jornal andava como mantra
kadafi, tsunami, obama

um filho sem pai ou pão ou pleito
cujo peso é cifra e sem direito
de ir cegar-se como todo o mundo

Mundo

o ventre redondando repetia
rola logo atrás do teu encalço
há de lhe tombar pelo cadarço
macerar-lhe tripa, tronco, traço
trazer-lhe o pulmão pela traquéia

multidão

o ventre que aplainava retinia
essa que apregoa linchamentos
há de lhe enviar beijos augustos

e ofertar-lhe bons ensinamentos

a saliva sabe a escorbuto
a medea lecionava drama
há o louco, o bom e o bandido
nos possíveis rótulos da trama






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fuço espaço
como quem fuma
como quem cai
como quem espia a fechadura
mesmo gesto gasto
meço nuance na gastura

espero

tempo empoeirar o livro
intocado em prateleira estática

mofo enrodilhar a fruta
de tão morta avessa mesmo a mosca

lâmpada de luz enxuta
tão somente vidro ali pendido


traço

de mim define face
azeda
desfia
desfigura



centro

engulo, engasgo, regurgito

                                      não contém

oco
vaso

cacos numa várzea


mito






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pútridopuído

ser sempre o mesmo
poema desde o primeiro poema
sempre o mesmo primeiro poema
o mesmo poema primeiro
sempre sendo o mesmo

tecido à ser

ser sempre o mesmo poema
desde o primeiro poema sempre
o mesmo primeiro poema
o mesmo poema
primeiro sempre sendo o mesmo

à ser tecido

ser sempre
o mesmo poema desde o primeiro
poema sempre o mesmo primeiro
poema o mesmo poema primeiro
sempre sendo o mesmo

pútridopuído


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