quarta-feira

onde:



[a poeta desencana formalmente após descobrir estupefata uma nota do jornal onde seu corte de cabelo recebe os cumprimentos e é algo em comum com Justin Bieber e Camila Pitanga]

dei-me conta num desses
relâmpagos íntimos mais como lanterna em fim de carreira

quiçá é esse eu unicíssimo não mais que bosta rala?
acervo acentuado de idéias simples encadeadas
um trenzinho estrombólico de brinquedo e à vapor
desprendendo cádmio, monóxido de carbono, chumbo
– de trilha – balão mágico/superfantástico pra coicear na vitrola -

uma pira arcaica carrega pela mão pequeninas piras frescas
todas obedientes à beça, catitas, caladinhas, comportadas

dentre elas um filhote de pira-espelho brinca de bailar no rio
(escorrega, quase afoga) na fissura, no clone do cristo, naquela parada
em escorpiões, vilões boa pinta, nothing/anything rebarba de sweet dream
mas com essa carinha six-teen e calça-curta, ergue a fuça: nem água e dá
de ombros pra reflexo (côncavo/convexo/?), corte, caco e corante coral

nessas, o incrível insite

a dita imagem, entre escatologia e miragem, satura até a tampa
é não mais que o arquétipo em voga, quiçá capa da vogue mês passado
amplamente divulgada, a fêmea alucinada, dúbia, confusa
prostituta casta, misantropa extravagante, vai do asilo à suruba
pop pseudo intelectual, porqueira transcendental, adúltero-romântica
frangote frágil, potência duma caralhada de cavalos, egomaníaca, totalmente erotizada
perversa à pampa, prestes a ser canonizada, megalomaníaca sem estribeira à vista
quase crucificada, linchada, apedrejada e vítima de toda a gargalhada
ridicularizada, desprezada, frequentemente ironizada

uma piada

e pode sempre ser Madonna, Britney Spears, Lady Gaga
pode sempre ser Mariana (atriz pornô por acidente, difamada e esquecida),
Bruna Surfistinha (ex-prostituta pródiga autobiografada)
Geisy (vítma de builling devido à mini-saia, acolhida pela mídia e letrada)
pode sempre ser Dita Von Teese (de cinta-liga e chicote)
Gretchen (dançando conga)
Titiolina (e seu ilustre potro)
e pode sempre ser Ana Cristina (poeta, marginal e suicida)
Rita Lee (porralouca na vida e no palco, mostrando a bunda só pra gastar onda)
Pagu (comunista, modernista, também poeta e, naturalmente, do contra)
e pode sempre ser Barbarella, Gulivera, Emmanuelle
e pode sempre ser a Vovozinha, a Vizinha, a Moça sentada do lado agora

[e a gente até podia ficar nessa sempre, mas não vai, felizmente.]

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